terça-feira, 14 de agosto de 2007

Cidade Invisível

Dia desses, conversando com minha avó, convidei-a para fazer um passeio de trem, saindo aqui da Capital e passando pela cidade em que ela nasceu. Eu estava entusiasmada com a idéia de percorrer as ruas pelas quais ela tinha brincado quando menina, de visitar os lugares onde funcionava as feiras livres, de sentar nas praças para ver o movimento, as pessoas passarem...
Mas, sua resposta me pegou de surpresa, frustrando todos os meus planos...
-Fico agradecida, minha filha, mas, prefiro não ir...
E eu, sem muito entender a recusa do convite, perguntei o por quê.
Ela, com uma simples resposta, me fez pensar.
- Vivi momentos muito bons quando menina, prefiro guardá-los na memória do jeito que estão. Não quero apagar a imagem que tenho guardada comigo...
É que as lembranças que minha avó tinha daquele lugar eram as melhores possíveis. Tinha guardado com ela, a sete chaves, sua preciosa infância e que o tempo e o progresso fizeram questão de modificar, destruindo o que havia de belo e transformado aquela cidade em algo decadente, tão distante dos dias de esplendor que tivera.
Para mim, neta, as memórias imaginárias que tenho da cidade da minha avó, são aquelas contadas por ela mesma, e por isso, sentia uma enorme vontade de conhecer.
Pensando bem...aquele tempo já passou; as ruas não são as mesmas, a realidade é outra.
E foi por ela assim dizer, que tenho que concordar...
Prefiro guardar comigo a imagem da cidade que não cheguei a ver, mas que carrego comigo no meu imaginário...

Um comentário:

Roberta Meireles disse...

Adorei seu blog...
Concordo com a sua vó,às vezes vale a pena conservar as lembranças do jeitinho que elas estão!!!

Beijos