segunda-feira, 13 de agosto de 2007

MEU PAI SE CHAMA DIGNIDADE

Não sei ao certo quantos anos eu tinha...
Neste dia, eu estava com meus irmãos e minha mãe em visita a uma instituição de caridade (meu pai não havia ido conosco por algum motivo que não me recordo agora).
Os portões de acesso à instituição estavam fechados e avistamos um menino em nossa direção com as chaves na mão para abrir os portões. Era manco, mas vinha com um sorriso no rosto nos receber. Quando entramos, ele nos cumprimentou e começamos a conversar. Queria saber quem éramos. E foi em meio à conversa com minha mãe, que ele perguntou pelo esposo dela e o que ele fazia. Médico, ela respondeu. Ele voltou a perguntar: De quê? Ela disse: De osso, ortopedista. E ainda nem havia dito o nome dele, quando ele falou: Eu sei quem ele é, foi ele que me operou e me fez andar de novo!! (O nome do meu pai foi confirmado para ele, posteriormente). Mas, ele não tinha dúvidas, algo lhe dizia que o marido daquela mulher, era o tal médico.
Nunca esqueci as palavras daquele menino, que deficiente, se sentia feliz por ter voltado a andar.
E guardava no coração a gratidão pelo meu pai (que talvez nem soubesse ou saiba ter feito a diferença na história daquela criança). Assim como para aquele menino, meu pai me fez andar pelos caminhos tortuosos da vida, mas sempre retos, dignos e honestos. Provando-me que é sempre possível preservar nossos valores mais nobres capazes de dignificar a nossa história e descendência, e que embora em silêncio a vida passe (sem aplausos e holofotes), ... o mundo jamais deixará de ser transformado por gestos como o seu, de fazer com todo o seu melhor apesar de.

Um comentário:

Selma disse...

Aninha, seu blog é um alento para a alma. Sensibilidade à flor-da-pele... E a estória do seu pai e da criança voltou a andar me deixou muito emocionada. Para pensar sempre em nossas atitudes...
Bjs!